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Revista ReciclaAuto | Novos Desmontes

Revista ReciclaAuto | Novos Desmontes

By prosphera 19 de dezembro de 2018 Midia

Conheça a história dos empresários que apostaram nesse mercado e abriram as portas nos últimos dois anos.

EMPRESÁRIOS

Segundo o DETRAN-SP mais de 120 desmontes foram credenciados nos últimos dois anos para operar legalmente no Estado. São, em sua maioria, empresários com microempresas e empresas de pequeno porte de caráter familiar, embora se observe também outros perfis de organizações investindo nesse mercado.

Em operação em Ribeirão Preto desde abril está a Roma Autopeças. O descontentamento de Marina e Ricardo Rodini Luiz com suas antigas atividades fez com que procurassem um ramo para investir. E foi numa conversa com um amigo e vizinho que revende carros sinistrados que os dois decidiram abrir um novo negócio e tornarem-se empresários. Eles já tinham bagagem em gestão: Ricardo conta com 18 anos de experiência em um cartório e Marina como administradora de empresas, além da base teórica, já que ambos possuem MBA em Gestão Empresarial.

Já investiram 150 mil para fazer estoque inicial e o mesmo montante mais esse mesmo valor nas reformas estruturais, investimento em ferramentas, informática e equipamentos, além de terem reservado outros 140 mil para capital de giro. Também já formaram uma equipe com mais três pessoas. Mas lucro ainda é algo desconhecido. “Como toda e qualquer empresa recém-aberta, isso já estava na programação financeira. Só mesmo o tempo para te responder essa pergunta”, afirma Ricardo.

“Ainda somos empresários bem pequenos em relação aos desmontes que visitamos por aí, os quais serviram como exemplo de onde pretendemos um dia chegar, mas ainda num futuro distante. Temos os pés no chão e sabemos que não é fácil atingir o sucesso.  Hoje estamos com 31 veículos, todos sincronizados com o CODEVodev/DETRAN. Temos no momento, apenas 2 mil peças catalogadas em nosso sistema – etiquetadas, limpas e embaladas, prontas para serem despachadas para compradores, seja no balcão da loja ou pelo e-comerce. As demais peças ficam nos carros e, conforme vamos extraindo as peças compradas de cada carro, vamos cadastrando-as. Hoje estamos locando um galpão de 1.100 m²”, descreve ele.

Mas Ricardo ressalta que as expectativas são as melhores possíveis. “Caso contrário, não teria apostado tanto”, diz. E completa: “Há muito o que ser feito ainda, com certeza, mas como a legislação já sinalizou o rumo que tomará o mercado de autopeças usadas, aposto no crescente avanço do setor. Além disso, a conscientização das pessoas está sempre em evolução e hoje percebe-se uma demanda crescente de pessoas do bem buscando peças usadas de procedência lícita”.

Ricardo aposta também na tecnologia, tanto que hoje possui uma plataforma própria de e-commerce que o conecta diretamente aos principais marketplaces, em especial o Mercado Livre. “Ao cadastrarmos nossas peças no sistema, estas sobem automaticamente para o e-commerce e, consequentemente ao Mercado Livre. O caminho inverso ocorre na compra de uma peça por algum cliente, ou seja, a baixa da mercadoria ocorre automaticamente em nosso sistema para emissão da nota fiscal e, consequentemente, despacho da mercadoria, em caso de cliente de fora da cidade”, explica Ricardo.

DICAS PARA O SUCESSO

Segundo Haroldo Eiji Matsumoto, sócio-diretor e consultor da Prosphera Educação Corporativa, todos os empresários devem procurar se profissionalizar independentemente do ramo de atuação. Ele afirma ainda que alguns dos grandes fatores de quebra são a carência do conhecimento geral do negócio. do ramo de atuação, da legislação, dos aspectos financeiros, tributários e do correto funcionamento dos processos internos das empresas.

*Saiba mais sobre o Pró-Gestão, programa que tem como objetivo profissionalizar e capacitar empresários e sua equipe.

Outro fator importante é investir no treinamento dos colaboradores. “A profissionalização da empresa deve partir do empresário, na busca de rentabilidade e de uma gestão do negócio associada a maior qualidade de vida, pois a gestão se desvincula de uma figura centralizadora do dono e isso permite melhorar a distribuição de tarefas e o resultado financeiro do negócio aumenta significamente. Assim como tem ocorrido em outros segmentos, desde açougues e padarias, que passaram por forte profissionalização, as empresas que vendem peças usadas também precisam passar por este processo”, diz ele.

Para os novos empresários a dica é, primeiramente, analisar quem serão seus clientes potenciais e quais são sua visão e necessidades específicas. Uma análise em busca das melhores práticas é importantíssima nessa fase. Além disso, verificar em detalhes a legislação e pautar como meta principal trabalhar rigorosamente dentro da lei. “Outro fator é o descarte de peças não reaproveitadas, qual a destinação final e qual o comprometimento de cada parte envolvida. Sem dúvida alguma o sucesso é resultado de processos bem desenhados e compreendidos por todos os colaboradores, trabalhando com os três fatores principais: Qualidade, Atendimento e Nível de Serviços (prazo de entrega, armazenamento e logística, entre outros)”, afirma Newton Masteguin, consultor de processos da Prosphera Educação Corporativa.

Sobre os iniciados há um ou dois anos e que ainda não geraram lucros, Newton Masteguin comenta que isso é consequência dos fatores mencionados acima, além da maturidade do negócio, que gira ao redor de 24 meses, quando então se passa a colher os frutos do trabalho. Por isso a importância do plano de negócio para estruturar e projetar a visibilidade financeira e acompanhar o desempenho do negócio para ajustes e melhorias.

No caso específico do e-commerce, Haroldo Eiji Matsumoto explica que é essencial saber como funcionam os fatores de composição de fretes, envios e devoluções e garantias de ambas as partes, além da legislação específica dessa modalidade de comércio. “Como falamos de peças usadas, existem fatores como a descrição das peças, fotografias do estado de conservação, inclusive da forma que foram embaladas. Deve-se pensar em todas as situações para mitigar riscos para a empresa e seus clientes e qual o plano de contingência”.

Ao ser questionado sobre o interesse de grupos de investidores nesse mercado, Haroldo comenta que grandes grupos enxergam oportunidades quando existem um ramo inexplorado ou mal explorado ou mal explorado por falta de preparo dos empresários que nele atuam. “Temos vários exemplos de empresas estrangeiras que chegaram muito bem estruturadas, muitas vezes com preços mais altos, e ganharam o mercado. Porque isso ocorre? Uma palavra que resume isso é: Confiabilidade! O cliente final sempre precisa sentir-se seguro e amparado quando faz suas compras. Muitas vezes as empresas criam dificuldades para orienta-lo ou não dão as explicações corretas (especialmente técnicas) e se recusam a fazer trocas, levando os clientes a abandona-las. Como vamos atender nossos clientes? Esse manual de conduta deve estar bem claro para nossa equipe”, ressalta ele.

Para finalizar, Newton Masteguin fala sobre outro desafio para empresários de desmontes: o espaço físico. Segundo ele esse é um dos fatores que terá um grande impacto no sucesso do negócio, assim como a correta alocação das peças e um rígido controle dos estoques. E por isso enfatiza a importância de um bom planejamento, principalmente quando se tem uma variedade de fabricantes de veículos, modelos e versões que, muitas vezes, sofrem modificações constantes durante a existência, com milhões de tipos de peças e componentes envolvidos. “É um desafio gigantesco para uma empresa pequena e uma das soluções poderia ser a associação de diversas empresas formando locais de estoque centralizados por região e com controles eficientes da origem de cada componente (a qual empresa pertence, descrição, códigos, códigos fiscais, ano, modelo, versão, fabricante e origem – como chegou e de onde veio esse componente usado, suas licenças, etc). E depois, na hora de despacho, avaliar o tipo correto de embalagem, informações que devem conter as etiquetas, rastreabilidade e logística reversa. A gestão desses estoques deve ser muito profissionalizada para que as empresas não incorram em prejuízos e consigam obter bom lucro no negócio”.

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